controvérsias

"A cada mil lágrimas sai um milagre”

Alice Ruiz

sábado, 13 de dezembro de 2008

Alice e a dor

Dor provoca raiva
Raiva disfarça a dor
Dor dá raiva
Raiva da dor

Achismos

Também tenho os meus, e quando me dou conta, aiaiai, morro de vergonha. Os achismos vem da idéia que “minha opinião é minha e ninguém tasca”, “eu penso assim, e daí?”. A segunda frase é a minha predileta.
Esse texto foi inspirado em uma comunidade que apareceu na minha frente no orkut. Uma coisa tão sem sentido, tão redundante e obviamente ridícula, que me fez parar pra perceber os achismos alheios e os meus próprios. Até onde nossos achismos nos impedem de se relacionar com os outros? Essa pergunta parece um tanto estúpida. Achismos são idéias radicais expostas como se todo mundo pensasse assim, como verdades universais. Ai, maldito senso comum. Legitima as coisas mais estranhas e agressivas. Legitima julgamentos, absolvições e condenações.
O politicamente correto, por exemplo. Sobrevive quem pensa e o pior, acredita ter atitudes “corretas”, atitudes “justas”. Legitima seu óbvio egoísmo em cima de idéias comuns e... “corretas”. E se alguém não sente do mesmo jeito, não está sendo... “correto”.
Sentimentos pra mim são o que valem. É meu achismo mais profundo. Por isso me dou o direito de não ser “correta”, mas de ser “verdadeira”, o que são apenas achismos diferentes. Mas igualmente vazios.
E precisamos mesmo escolher achismos para ter uma direção de vida? E quem se recusa a ter achismos, ou seus achismos mudam com a freqüência do estado de espírito volátil, sobrevive?
Ter “razão” é outro achismo absurdo. O que mais odeio, mas ai de alguém que diga que “não tenho razão”. O achismo da “razão” é o orgulho que impede as pessoas de se relacionarem com respeito às diferenças, impede a compreensão. Será a compreensão outro achismo também?
Ah, sim. A comunidade que citei busca pessoas que se identificam estarem incomodadas com outras que dizem que vão mudar e não mudam. São elas tão incapazes de perceber que “mudar o outro” por uma “razão” “politicamente correta”, que mexe com sentimentos “verdadeiros”, tornando a convivência insuportável, algo absolutamente inviável? Quem pensa que o outro tem que “mudar”, não vê que seria mais fácil buscar um outro diferente, ou mesmo mudar a si mesmo. Mas se vê com “toda a razão”, pautada no que mesmo? No “correto”.
Ainda prefiro viver no que é “verdadeiro”. Escolha de razão, escolha de direção, escolha de achismo.