controvérsias

"A cada mil lágrimas sai um milagre”

Alice Ruiz

sábado, 13 de junho de 2009

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Existe
















Poema:
Uby Oliveira
Arte:
Chris Mayer

terça-feira, 2 de junho de 2009

Mudança

É. Mudar de casa, tirar as coisas do lugar, virar tudo de cabeça pra baixo e depois inventar outro jeito das coisas estarem. As vezes um jeito melhor, as vezes um jeito pior. Depende. Relativismo sempre. E nessas de encaixotar é que os pequenos re-encontros acontecem. Amáveis, detestáveis. Eu já deixo a fogueira da churrasqueira acesa pro excesso de papéis com escritos ruins, cartas amargas, textos inúteis, até pra outra pessoa. Tem livros que só servem mesmo pra serem reciclados e olhe lá! De repente, melhor mesmo é queimar, por exemplo... por exemplo... hummm... peraí... eu vou lembrar algum que não tenha vergonha de dizer que um dia esteve em algum canto da minha casa. Os re-encontros que mais curto são aquelas que não quero deixar de levar e que apenas me espanto na mudança. Aquele presente de um ex amor, a pedrinha da praia onde perdi a virgindade, o meu primeiro livro: Das Schnurpsenbuch. E os re-encontros que dão aquela ponta de culpa: fazeres que foram ficando, ficando, ficando, empoeirando, e alguns, churrasqueira; outros, voltam pra fila de espera da interminável pilha do "um dia". Agora mesmo tô olhando pruma chaleirinha de apito de brinquedo... Meu deus, da onde fui ter a ideia de comprar uma chaleirinha, de apito, e de brinquedo? Pego ela na mão e o susto! Havia esquecido que na verdade é um timer de cozinha e que, na verdade nunca funcionou. Gira na hora certa, termina na hora certa, só não toca. Outro re-encontro gostoso são os CDs. Na hora de guardá-los, inevitavelmente, vários vão pro cdplayer, as lembranças regurgitam da memória. Aquele show, aquele momento, aquela dança: Nossa! Passei meses ouvindo esse sem parar. E saio cantando as letras de cor, sem errar. Tem aquelas coisinhas que nunca sei o que fazer com elas como quadrinhos, por exemplo. Não quero me desfazer por serem presentes, não quero pendurar, não quero ficar olhando todos os dias; alguns, volta a esperança de, na nova casa, ter um espaço perfeito pra ele, outros... E assim com outros pequenos objetos também: bibelôs que os gatos vão quebrar se eu tiver a ideia infeliz de expor em alguma prateleira. Meus amados gatos são educados, mimados, mas nunca consegui impedir de quebrarem algo muito precioso ao meu coração. Apanham depois, mas depois. Já era. Cartões carinhosos, cartões postais com fotos incríveis, bilhetes de teatro, cinema, espetáculo de dança inesquecíveis, que só lembro quando os re-encontro em alguma mudança. É.