controvérsias

"A cada mil lágrimas sai um milagre”

Alice Ruiz

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

Fotógrafo Mehmet Ozgur

"Certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim, que perguntar carece, como não fui eu que fiz"
Milton Nascimento

Uma onda feita de fumaça... como não fui eu que fiz?


Betty Boop Blended

Tem coisas que a gente faz que só a gente gosta. Mas dessa vez resolvi conferir se minha intuição está correta:

domingo, 27 de junho de 2010

Dia de casamento (para mulheres apaixonadas)

Chegou o dia. O tão sonhado dia de sua amada. Tudo encomendado, organizado: convites, flores na igreja, o padre, as fitas... As alianças! Esquecera completamente – diante de tantas dúvidas e medos – de encomendar as alianças!

Para ela, mulher simples de rock progressivo, bastava um eu te amo, fazer as malas e andar calmamente até o apartamento dela. Essa comemoração toda. Havia concordado somente para agradar sua amada. O sorriso dela e as lágrimas aos olhos quando a pedira em casamento, fez com que concordasse com todas as exigências de uma menina casadoira, por quem se apaixonara como nunca antes.

Mas esquecera as alianças de ouro branco, promessa feita ao dar um anel de vidro colorido ao invés de um diamante. Sentia-se culpada, desesperada até, foi a uma loja de jóias, mas deu-se conta que gastara tudo com a festa, até o cartão de crédito já tinha estourado. Ah, o amor! Fez dela - autônoma, independente, que nunca se deixava mandar – uma escrava do sorriso prazeroso, dos olhos brilhantes a cada presente, a cada gesto de carinho, a cada flor catada em um jardim vizinho.

Nesse terror ao imaginar a decepção da noiva, paralisou completamente. Nem foi ao alfaiate buscar seu vestido de noiva – outra exigência, que ambas vestissem um belo e longo vestido de noiva com direito a grinalda e tudo. Já imaginou? Jogarmos juntas os buquês? Muito romântico, pensara ao ouvir tal disparate. O que não fazia para ver aquele sorriso e receber um carinho amoroso no rosto daquela criatura tão fácil de ver feliz?

Quedou-se a um canto, abriu uma lata de cerveja, bebeu toda, vociferava sua falta de memória, ruminou todo o namoro, o dia em que se conheceram. Apaixonou-se imediatamente ao vê-la caminhando na chuva, passeando, absorta, deixando-se banhar como se o sol estivesse ali, contrastando com as pessoas correndo com pastas na cabeça, golas levantadas, fugindo da garoa forte e das suas aflições.

Abriu uma segunda lata, colocou os pés sobre a mesinha da sala – constante reclamação de sua namorada. Deixou-se pela leveza do álcool, sonhou com montanhas gélidas e uma cabana aquecida a lenha, com ela nua estendida sobre o tapete de pele, a ronronar a felicidade das duas. Durante a quinta lata, deixou-se levar pelas emoções da memória, o primeiro beijo, o segundo encontro, a primeira declaração de amor. Dormiu sonhando, leve, feliz da vida, acolhida pelas lembranças.

Um relógio cuco disparou seu canto algumas vezes e em meio aos sonhos, deu-se conta do atraso. Acordou e derreteu-se em vergonha e desespero. Não sabia se corria, se ficava, se telefonava, ou se enforcava. Chegou assim na igreja: calças jeans furadas, cabelos despenteados e selvagens, camisa social e uma gravata sem nó.

Esperou sua noiva no altar, trocaram as alianças feitas de tampa de lata de cerveja, juraram amor eterno, não foram na festa caríssima, preparada com esmero. Compraram um bolo de chocolate na padaria da esquina, foram para casa - nada de hotel cinco estrelas - tirou seu vestido, suas calças, se amaram na certeza das marés, se amaram como se sempre houvessem se amado, trocaram a clareza de seus enganos e medos.

Ela também não desejava tanto assombro. Desejava agradar o que imaginava ser o sonho de seu amor.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Cotidiano

Acordei com a macaca, aquela que faz mico, não pára quieta, ao mesmo tempo tem fome, mas não sabe o que faz.
Tudo num ritmo de: preciso escrever, preciso fazer banners, fotos, logos, pizzas, carne moída na salada?
Maionese no texto. Pimenta no banner, vírgulas nas fotos.
Faço tudo e não faço nada.
Sugiro uma suruba de ações etílicas.
Essa vingou.
Expulsei a macaca com sangue de boi demi sec nas veias.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

No jogo da vida.
Perdi.









Na vida sem jogo.
Estou aí.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Grito de Guerra

Querem me transformar em uma formiga mecânica. Gráficos de pizza! Perfeito para uma formiga.
Mas eu sei escrever!, grito esfolada.
E objeto direto dessas tarefas vou ao jardim pautado atrás de vermelhas interrogações e pimentas vírgulas. Tintas, alfabetos, lápis de samambaia.
Encontro só o ponto. E ele está por toda parte. Sufocante. Opressor.
Não tenho chance. Espero a noite para me esconder em meio às crases obscuras.
Roubo todas as pizzas, cujo queijo derretido aparece surpreendentemente em cada entrelinha ambígua e redundante, salpicado de tomate e orégano, enganando as estatísticas fatiadas enquanto toda parafernália sem poética emperra.
Minhas cigarras, não! grito de guerra.
E atiro reticências abrasadoras... Sou a cavaleira solitária a fazer o bem pelo mundo sem ponto e vírgula nem conta de luz. Apenas o queijo de gráficos roubados e uma caneta feita de parênteses.
Não com esses travessões inquietos em uma mente de Quixote sem Sancho Pança. Mas com outras letras que matem a fome de pontuação clara desse povo.
Transformada em matéria, talvez uma palavra possa realizar-se, uma sentença ter a graça de ser cumprida, o parágrafo ter a fama de compreensivo, e o texto - esse ser coletivo - finalmente, possível.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Transformação 2

Pego o barro úmido e leio que é necessário sovar, sovar, sovar.
Sujo as mãos de barro, pensando em pão. Sujo as mãos de barro pensando em castiçais.
O barro me leva a outras dimensões; o frio pegajoso é conexão com a terra. Invade minha memória; cheiros, textura.
O barro mostra suas formas. Vou atrás de uma. Nasce um bicho de asas furadas.

Um filhote do barro e não um castiçal.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Auto


Retrato.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Grupo da Tarja Preta

Isso. Grupo da Tarja Preta. Quatro mulheres jogando buraco pela internet. Duas moram no Rio; uma no interior de São Paulo, e eu, em Florianópolis/Canela. Jogar juntas é alegria, gentileza, contentamento de se encontrar e tirar onda de quem tá perdendo, parabenizar quem tá ganhando, reclamar dos que jogam com msn, reclamar das que lixam muito, lixar muito, contar as fofocas do dia, saber dos filhos, dos bichos, as viagens que fizeram, os namoros... Reclamar que tá vendo TV e jogando, festejar uma canastra de mil pontos. Oferecer café com leite, bolachas e buscar a malha turca ou acender o charuto quando se apanha demais. No virtual a imaginação faz parte do processo de acolhimento. Como se a gente estivesse em casa, oferecendo chá gelado numa tarde qualquer com as amigas. Desses dias, um, onde meu mau humor estava no pé, comentei a chatice de tomar anti-depressivos, querendo colinho mesmo. Qual não foi minha surpresa quando uma a uma foram recitando nomes e princípios ativos dos medicamentos que cada uma toma. Esse dia foi muito especial, ficamos mais unidas, descobrimos essa identidade comum, dentro de 4 universos tão diferentes.
Hoje terminei nossa logo/avatar, e tô muito feliz que foi aprovada por unanimidade - coisa rara.

Nasceu assim, o Grupo da Tarja Preta:
Kmmy - vive de frente para o mar, é esquentada, joga muitíssimo bem, tem muitos parceiros de jogo, e odeia quando os adversários usam o msn pra se comunicar durante o jogo. Escolheu Copas e branco.


DS - Muito alegre, adora uma festa, viaja muito, namora muito, e encanta a gente sempre com sua intensidade.Escolheu cor de rosa, o naipe de paus foi um detalhe...










Tere - nossa campeã de natação, mora em Limeira, competitiva, sagaz, solidária, um ótimo desafio, sempre.Pediu que eu escolhesse, espero ter acertado cores e naipe.













Eu, autora desse blog, adoro bichos, quando acerto, ganho todas; quando converso, perco todas. Sou boa, pero no mucho. Escolhi as espadas, sempre meu naipe predileto.






sábado, 24 de abril de 2010

Processos

É. Conjugando momentos e verbos, uma saída.
Não freqüento mais bugigangas, as recolho, guardo, namoro, testo, reparo. Assim comigo faço quase o mesmo. 

Morando em duas cidades. Praia e Serra.
Arte e processo na veia. Trabalho e processo na alma.

Ventos leves, chuvas íntimas; ar pesado, respiração seca e muita transpiração.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Transformação 1

Edu lança seu caldeirão gigante ao fogo. Parece uma cena da idade média. Pego a primeira colher de tinta, o cabo de vassoura, e espalho azul na água fervente.
Virei bruxa. Uma sensação deliciosa de alquimia. Um poder escondido submerge da alma.
A capacidade de transformação: duas camisas verdes, uma bermuda laranja e uma bermuda roxa.

domingo, 28 de março de 2010

...que o melhor de nós seja para nosso amigo.

"Quando a voz de um amigo se cala, nosso coração continua a ouvir o seu coração, porque na amizade, todos os desejos, ideais, esperanças, nascem e são partilhados sem palavras, numa alegria silenciosa.
Quando um amigo se encontra longe, não devemos nos entristecer, pois o que nós amamos nele pode tornar-se mais claro na sua ausência ... a amizade é o amadurecimento ...
e que o melhor de nós seja para o nosso amigo."

(Gibran Khalil Gibran)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O dia depois de amanhã


(trecho do Diário da Corte 45 - edição de almoço, de Sérgio Murillo de Andrade)

O Rio sofre com calor de mais de 40º. Dizem que conseqüência do El niño e do tal efeito-estufa. As chuvas torturam São Paulo há vários dias, tbém pelas mesmas razões. Nem vou falar da SC e RS, que já viraram clichê. É óbvio que o planeta está se degradando, mas desconfio e muito dessas previsões catastrofistas. Repararam que quando cai uma tromba d’água, derrubando encostas e matando gente, tem sempre um especialista que garante: A última vez que volume de água atingiu esse índice assustador e que prova que estamos caminhando para o aquecimento global foi em 1954. Ah, então já aconteceu! E provavelmente aconteceu antes, e antes, e antes. Só que ninguém media e não tinha tanta gente para sofrer e multiplicar os efeitos do desastre. No domingo passado, no Canal Livre da Band, o professor da UFAL, Luiz Carlos Molion, desmistificou os alarmistas do aquecimento inevitável e provou, nas contas dele, que, na verdade, estamos em pleno ciclo de resfriamento que deve durar 20 anos – por isso tanta chuva no Sul. “Infelizmente a terra vai resfriar, o aquecimento seria muito melhor”, disse ele. Fui dormir mais tranqüilo. Livre de virar uma torrada, mas bem próximo de se transformar num picolé. Cientistas são muito parecidos com advogados. Quando abandonam a dúvida permanente e formam uma certeza irrefutável, é melhor sair de perto e bem rápido.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Lao-Tzu disse:

Em relação ao som, quando se estabelece a primeira nota as cinco notas são
definidas. Em relação ao sabor, quando se estabelece a doçura os cinco
sabores são formados. Em relação à cor, quando se estabelece o branco as
cinco cores se formam. Em relação ao Caminho, quando o Uno se estabelece,
todas as coisas nascem.
(Wen-tzu, A Compreensão dos Mistérios, de Lao Tzu)