controvérsias

"A cada mil lágrimas sai um milagre”

Alice Ruiz

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Uma Menina Sim, ou, Uma Menina Zamzen

(pra vc, Benter)
Era uma vez uma menina sim. Tudo que ela ouvia, tudo que perguntavam; tudo ela entendia, tudo ela dizia sim. Ninguém nunca sabia quando era não, quando era talvez, quando era sim mesmo. Quando ela respondia sim – e ela sempre respondia sim – seus olhos reviravam e não davam a dica necessária para entender se ela entendia, como entendia e que resposta daria. Na expectativa do silêncio após o sim, nada vinha. Uma quietude cheia de sim. Percebia o mundo e a vida assim, dizendo sim.
Mas, seus sins tinham que ter um fim. Assim - só dizendo sim - o único jeito era ver o que acontecia, pra onde ia e o que fazia. Seguindo a menina, viram claro seu jeito amável, ponderado, olhar de lado, um jeito de sempre dizer sim: ela nunca fazia o que dizia que sim, faria. Ah, sim, às vezes, sim, ela fazia o que dizia que sim, ia fazer. Mas ela nunca dizia o que ia fazer, ela só respondia que sim. E todo mundo continuava sem saber o que aquela menina sim queria, quando dizia sim. E num repente, cansada de ser perseguida para saber se seu sim era sim ou não ou talvez, ela decidiu, finalmente, se explicar: “Sim, eu só faço”. A partir daí, todo mundo entendeu a menina sim que nunca se sabia se entendia ou queria ou não queria. Ela só fazia.
A menina sim dizia sim e só fazia o que tava a fim.