controvérsias

"A cada mil lágrimas sai um milagre”

Alice Ruiz

domingo, 27 de junho de 2010

Dia de casamento (para mulheres apaixonadas)

Chegou o dia. O tão sonhado dia de sua amada. Tudo encomendado, organizado: convites, flores na igreja, o padre, as fitas... As alianças! Esquecera completamente – diante de tantas dúvidas e medos – de encomendar as alianças!

Para ela, mulher simples de rock progressivo, bastava um eu te amo, fazer as malas e andar calmamente até o apartamento dela. Essa comemoração toda. Havia concordado somente para agradar sua amada. O sorriso dela e as lágrimas aos olhos quando a pedira em casamento, fez com que concordasse com todas as exigências de uma menina casadoira, por quem se apaixonara como nunca antes.

Mas esquecera as alianças de ouro branco, promessa feita ao dar um anel de vidro colorido ao invés de um diamante. Sentia-se culpada, desesperada até, foi a uma loja de jóias, mas deu-se conta que gastara tudo com a festa, até o cartão de crédito já tinha estourado. Ah, o amor! Fez dela - autônoma, independente, que nunca se deixava mandar – uma escrava do sorriso prazeroso, dos olhos brilhantes a cada presente, a cada gesto de carinho, a cada flor catada em um jardim vizinho.

Nesse terror ao imaginar a decepção da noiva, paralisou completamente. Nem foi ao alfaiate buscar seu vestido de noiva – outra exigência, que ambas vestissem um belo e longo vestido de noiva com direito a grinalda e tudo. Já imaginou? Jogarmos juntas os buquês? Muito romântico, pensara ao ouvir tal disparate. O que não fazia para ver aquele sorriso e receber um carinho amoroso no rosto daquela criatura tão fácil de ver feliz?

Quedou-se a um canto, abriu uma lata de cerveja, bebeu toda, vociferava sua falta de memória, ruminou todo o namoro, o dia em que se conheceram. Apaixonou-se imediatamente ao vê-la caminhando na chuva, passeando, absorta, deixando-se banhar como se o sol estivesse ali, contrastando com as pessoas correndo com pastas na cabeça, golas levantadas, fugindo da garoa forte e das suas aflições.

Abriu uma segunda lata, colocou os pés sobre a mesinha da sala – constante reclamação de sua namorada. Deixou-se pela leveza do álcool, sonhou com montanhas gélidas e uma cabana aquecida a lenha, com ela nua estendida sobre o tapete de pele, a ronronar a felicidade das duas. Durante a quinta lata, deixou-se levar pelas emoções da memória, o primeiro beijo, o segundo encontro, a primeira declaração de amor. Dormiu sonhando, leve, feliz da vida, acolhida pelas lembranças.

Um relógio cuco disparou seu canto algumas vezes e em meio aos sonhos, deu-se conta do atraso. Acordou e derreteu-se em vergonha e desespero. Não sabia se corria, se ficava, se telefonava, ou se enforcava. Chegou assim na igreja: calças jeans furadas, cabelos despenteados e selvagens, camisa social e uma gravata sem nó.

Esperou sua noiva no altar, trocaram as alianças feitas de tampa de lata de cerveja, juraram amor eterno, não foram na festa caríssima, preparada com esmero. Compraram um bolo de chocolate na padaria da esquina, foram para casa - nada de hotel cinco estrelas - tirou seu vestido, suas calças, se amaram na certeza das marés, se amaram como se sempre houvessem se amado, trocaram a clareza de seus enganos e medos.

Ela também não desejava tanto assombro. Desejava agradar o que imaginava ser o sonho de seu amor.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Cotidiano

Acordei com a macaca, aquela que faz mico, não pára quieta, ao mesmo tempo tem fome, mas não sabe o que faz.
Tudo num ritmo de: preciso escrever, preciso fazer banners, fotos, logos, pizzas, carne moída na salada?
Maionese no texto. Pimenta no banner, vírgulas nas fotos.
Faço tudo e não faço nada.
Sugiro uma suruba de ações etílicas.
Essa vingou.
Expulsei a macaca com sangue de boi demi sec nas veias.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

No jogo da vida.
Perdi.









Na vida sem jogo.
Estou aí.