controvérsias

"A cada mil lágrimas sai um milagre”

Alice Ruiz

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A história de um abraço

Essa história conto porque meu coração pediu. As idéias e percepções são dele, desse coração. Não são os fatos, mas o que só ele – o coração – consegue compreender a sua maneira exclusiva. Com vocês, meu coração:
“Quando conheci esse outro coração vi uma intensidade transparente, vi que dava voltas entre um carinho pelo mundo, pelas pessoas, e aquela raiva do nada, que nem sentido tem. Um coração vestido de generosidade. Um sorriso de quem pensa que sabe – e sabe –, olhar de quem se enganou. Não é de tristeza sua esperança, é de um vagar ao longe, de uma elegância criança, de um infinito.
Gostei desse coração, tão afinado de lágrimas, emoções e risos. Abria os longos braços e as mãos enormes e eu desmanchava em seu peito, ouvindo novas batidas, irregulares das minhas.
Naquele dia, santo dia, tive a chance de abraçar profundamente esse outro coração. Por ser despedida me desmanchei mais; por intuir longa distância, chamei o corpo que habito e ele entendeu. O mundo inteiro se abraçou naquele abraço. Nada mais havia senão um calor amarelo queimado, o universo azul escuro e raios de energia solar seguiam a ciranda da troca de peitos: eu no peito desse outro coração, você outro coração no meu peito. Uma ciranda rosa, dança silenciosa, puro, puro, puro sentimento. Dei as mãos e troquei batidas calmas e amorosas com esse outro coração. Descobri que a eternidade existe e que dura alguns minutos. Dura o tempo de um abraço intenso de bem querer entre dois corações. Tão óbvio, tão íntimo, de uma beleza que só quem conhece nossa linguagem – a dos corações - sabe. Um abraço a gente sabe, um sentido, um sentimento. A gente sabe. Simplesmente sabe, vive, acontece.
Quando nos afastamos não pude acompanhar teus passos seguindo outro rumo. Os outros corações que nos viram abraçados, sedentos daquele amor emanado por nós, me agarraram e exigiram e queriam a qualquer custo um pedacinho daquela fé. Eu quis, eu abracei, eu me doei, mas não tinha como. Na minha linguagem de coração fração não existe. Amor, abraço, dar as mãos, só com no mínimo dois inteiros. E como é raro. E como eu, coração, sinto falta do que é pleno. E como sinto.”

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