controvérsias

"A cada mil lágrimas sai um milagre”

Alice Ruiz

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Encontro (2006)

Disse meu professor poeta que raramente entendemos onde estamos. Morando na beira mar, sempre olhei com a visão do cotidiano: praia, areia, água rasa, ondinhas, água funda, ondões... E até então, considerava tudo simples e mais que tranquilo até ser despertada pelas palavras, pela lógica e pela geografia. Afinal de contas, não é só praia e mar, é Oceano Atlântico e América do Sul. O encontro.
Nossa, comecei a me sentir importante. Oceano Atlântico com todas as referências e memórias de viagens, naufrágios, transatlânticos, baleias, golfinhos, placas, abismos marinhos, maremotos, peixes e mais peixes, tempestades, ciclones, ondas gigantescas, piratas, descobertas, mistérios.
Continente. América do Sul. Países de língua espanhola, índios trucidados, desaparecidos, português Brasil, corrupção, Floresta Amazônica, Lago Titicaca, deserto de sal, picos nevados dos Andes, Cabo Horn, Carnaval. Culturas miscigenadas. Cultura latino-americana.
Voltando a praia, extensão do meu quintal. O pé de um lado, Oceano Atlântico; o pé do outro lado, América Latina. Oceano, América, América, Oceano, feito jogo de amarelinha. Sentei entre as duas fronteiras: bunda na América, pernas e pés no Oceano. O olho, até o Sol; às vezes, até a África, e um pouco, até minha casa, e de repente, gaivota.
América Latina, Mercosul, Brasil, Santa Catarina, Florianópolis, Armação, minha casa, praia, areia molhada. Oceano Atlântico Sul, Plataforma Continental, milhas brasileiras, zona costeira, rebentação, ondas, aguinha rasa.
“Tua praia é uma delícia, Chris!”, exclama meu amigo Pedro de cinco anos. No encontro de dois gigantes, toma sol uma pequena alma doce.

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